Gestão e Maldição dos Recursos
Naturais em Moçambique: um olhar sobre Cabo Delgado
Resmino
Maximiliano [1]
Resumo
O presente estudo analisa a gestão dos recursos
naturais e o fenómeno conhecido como “maldição dos recursos” em Moçambique, com
ênfase na província de Cabo Delgado. Embora a região seja rica em recursos como
gás natural, rubis e outros minerais de elevado valor económico, a exploração
dessas riquezas não se traduziu em desenvolvimento sustentável para as
comunidades locais. Pelo contrário, desde 2017, Cabo Delgado tem sido marcada
por conflitos armados, deslocamentos forçados e profunda instabilidade social,
evidenciando os riscos associados a uma gestão ineficaz dos recursos naturais.
A investigação demonstra que a abundância de riquezas intensificou
desigualdades quanto aos benefícios resultantes da exploração. Elementos como
corrupção, opacidade dos contratos, exclusão comunitária e ausência de
políticas inclusivas alimentaram tensões latentes e contribuíram para o
agravamento da insegurança na região. O estudo destaca que, na ausência de
mecanismos eficazes de governação e de uma abordagem participativa e
transparente, os recursos naturais tendem a perpetuar conflitos em vez de
promover desenvolvimento. Assim, recomenda-se o fortalecimento das instituições
públicas, a implementação de políticas que garantam justiça distributiva,
investimentos socialmente responsáveis e maior controlo social sobre a
exploração dos recursos. Tais medidas são fundamentais para mitigar os impactos
da maldição dos recursos, reduzir as vulnerabilidades sociais e económicas e
promover um ambiente de paz, inclusão e sustentabilidade em Cabo Delgado e em
todo o território moçambicano.
Palavras-Chave: Recursos naturais, Conflito armado, Cabo Delgado,
Insurgência, Gás natural.
Management and Resource Curse in Mozambique: A Focus on Cabo Delgado
Abstract
The present study analyzes the management of natural
resources and the phenomenon known as the “resource curse” in Mozambique, with
emphasis on the province of Cabo Delgado. Although the region is rich in
resources such as natural gas, rubies, and other minerals of high economic
value, the exploitation of these riches has not translated into sustainable
development for local communities. On the contrary, since 2017, Cabo Delgado
has been marked by armed conflicts, forced displacements, and profound social instability,
highlighting the risks of ineffective management of natural resources. The
research demonstrates that the abundance of wealth has intensified social
inequalities, marginalization of the population, and the weakness of the state
in regulating and fairly redistributing the benefits derived from exploitation.
Factors such as corruption, lack of transparency in contracts, community
exclusion, and the absence of inclusive policies have fueled latent tensions
and contributed to the worsening insecurity in the region. The study emphasizes
that without effective governance mechanisms and a participatory and
transparent approach, natural resources tend to perpetuate conflict rather than
promote development. Thus, it recommends strengthening public institutions,
implementing policies that ensure distributive justice, fostering socially
responsible investments, and increasing social oversight of resource
exploitation. Such measures are essential to mitigate the impacts of the
resource curse, reduce social and economic vulnerabilities, and promote an
environment of peace, inclusion, and sustainability in Cabo Delgado and
throughout Mozambique.
Keywords: Natural
resources, armed conflict, Cabo Delgado, Insurgency, Natural gas.
LER NA ÍNTEGRA
[1]
O
Mestre Resmino Maximiliano é
natural de Maúa, na província do Niassa. Entre 2019 e 2021, concluiu o mestrado
em Administração Pública na Universidade Católica de Moçambique – Extensão de
Gurué. É licenciado em Ensino da Língua Portuguesa pelo Centro de Ensino a
Distância de Milange, na província da Zambézia (2011–2016). Actualmente, é
doutorando em Ciências Sociais e Políticas (Quelimane), docente no Instituto de
Educação a Distância da Universidade Católica de Moçambique, em Milange, e
exerce funções de escriturário no Comando do 5.º Regimento da Polícia de
Fronteiras da Zambézia, também em Milange. Email: resmimunteia@gmail.com.

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